1987-1997: Michael Hutchence e a década de ouro do INXS

M.A.R
  

 Quando, em 1977, os irmãos australianos Andrew (teclados e guitarras), Tim (guitarra) e John Farris (bateria) se uniram a Kirk Pengilly (guitarra e saxofone), Garry Beers (baixo) e a Michael Kelland John Hutchence – um vocalista cuja voz até então nada tinha de excepcional – surgia, da mesma forma como poderia ter surgido em qualquer outro lugar do mundo, apenas mais uma banda… no caso, a The Farris Brothers.

 Nos quatro primeiros álbuns (de 1980 a 1984), embora conseguisse relativo destaque para uma ou outra faixa, o grupo, ao menos do ponto de vista de sua sonoridade – uma espécie de new wave pouco convincente –, não demonstrava ter muita pretensão. A não ser pelo novo nome, INXS, que se, por um lado, parecia não ter relação com sua proposta sonora, por outro, poderia servir pelo menos como um prenúncio de algo que os integrantes do grupo esperassem, um dia, viver…

 Lançado em 1985, Listen Like Thieves permitiu, aos músicos do INXS, visualizar um novo horizonte. Começavam, então, a tomar novas direções. Mas, nos dois anos seguintes – por maior que fosse o alcance que tivessem -, na prática, não conseguiam mais do que girar em torno do seu próprio eixo, isto é, a Austrália.

 Bastou, porém, a chegada de meados de 1987 para que, “como num chute”, o  INXS  simplesmente arrombasse as portas do mundo e a ele se impusesse como a mais nova sensação do momento. Kick trazia uma nova, envolvente e irresistível melodia. As guitarras suingadas, a bateria precisa e os teclados discretos, porém notáveis, dos irmãos Farris, associados ao baixo sensivelmente pontual de Beers e ao saxofone admirável de Pengilly, abriam alas para que desfilasse ostentosamente a, agora, ousada voz de Hutchence. O  INXS  finalmente ganhava o mundo… que, ao mesmo tempo, assistia ao nascimento de um ídolo.

 Michael Hutchence, de mero – e até tímido – vocalista de uma não menos musicalmente recatada banda, revelou-se – e de maneira surpreendente! – um legítimo frontman, com todas as características minimamente necessárias para isso: talento, carisma, presença de palco, beleza e uma certa sensualidade capaz de despertar inveja até mesmo em figurões da época, como Mick Jagger ou Axl Rose.

 Em dez anos, o INXS vivenciou o que qualquer outra grande banda vivenciaria uma vez inserida no maravilhoso, porém incerto, mundo pop : fama, assédio, turnês internacionais, estádios lotados, clipes na  MTV… e os romances de Hutchence… tudo isso embalado ao som contagiante de pérolas como New Sensation, Need You Tonight, Suicide Blonde, Disappear, Beautiful Girl e os blues… os poderosos e apaixonantes blues Never Tear Us ApartBy My Side  e  The Loved One.

 E, nesse mesmo clima de blues – mas agora daqueles bem melancólicos -, tomássemos apenas o caso de Hutchence e lhe acrescentássemos boas doses de problemas pessoais – devida ou indevidamente – associados a antidepressivos bem como a um forte desejo de estar junto de sua única filha e, assim, teríamos o final que normalmente – e infelizmente – não poderia faltar a uma “boa” história de rock: detalhes e especulações à parte, o fato é que a morte – em 22 de Novembro de 1997 – do líder do INXS, com apenas 37 anos de idade, simplesmente encerrava mais um daqueles momentos em que o mundo da música se vê sacudido por algo sinceramente novo.

 E a insistência, por parte dos demais integrantes da banda, em prosseguir com outro vocalista e, assim, sustentar o nome  INXS,  não poderia ser vista senão como, no mínimo, uma tentativa de substituir  o  insubstituível

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Listen  to  INXS ! (Isto é, ouça em excesso:)

Kick (1987)

X (1990)

Live Baby Live (1991)

Welcome To Wherever You Are (1992)

Full Moon, Dirty Hearts (1993)

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INXSBy My Side [Live 1991]