Em 3 tempos: Rodolfo Abrantes
M.A.R.
1994-2001 – Raimundos: “Eu quero é ver o ocoooo !”
Estava tudo ali: hardcore, punk, ska, reggae e ritmos nordestinos, combinados de um modo original para embalar temas como sexo, maconha ou situações inusitadas do cotidiano… Tudo, porém, com um humor altamente persuasivo, intercalado, vez por outra, por momentos de sanidade e consciência social. Assim tomava a cena rock nacional dos anos 90 a banda formada por Rodolfo, Digão, Fred e Canisso… que, se por um lado, cativava as atenções por não seguir na mesma e, àquela altura, já manjada trilha do chamado rock de protesto, por outro, não fazia mais que captar, como poucas de suas contemporâneas, o espírito de uma época – marcada, como era, pela banalização cultural que a vivência democrática recém adquirida naturalmente proporcionaria, em se tratando de Brasil.
No comando do Raimundos, despontava um Rodolfo que, embora discretamente debochado e, do ponto de vista musical, visivelmente despretensioso, atuava, também, como um “abre alas pro rock” num país em grande medida rendido ao pagode e à bundalização da mídia, sobretudo, televisiva. Só no Forévis, lançado em 1999, sintetizava – e de forma mais eficiente que qualquer outro disco até então feito pela banda –, fosse em suas letras, sonoridade, clipes ou na própria capa, aquele contexto… contra o qual direcionava certa carga de sarcasmo e um “tapinha” de som pesado. Embora o Raimundos nunca se resumisse a Rodolfo, a saída deste, por razões religiosas – e justo no momento em que o som dos caras começava a “ultrapassar a barreira das AM’s, FM’s e elevadores” -, deixaria mais que evidente o quanto sua presença era de importância, talvez até vital, para a continuidade da banda. Esta, a partir de então, teria que se banhar em suor para que, sempre diante do risco de “sucumbir à acefalia”, conseguisse se manter de pé e assim continuasse em sua árdua caminhada rumo ao topo, de onde Rodolfo pôde ser visto e ouvido pela última vez…
2002-2004 – Rodox: “Cansei de rodar”
Não demorou muito para que – após o choque de sua saída do Raimundos – Rodolfo desse as caras novamente, e, dessa vez, com uma nova e promissora banda. Muito embora não se apresentasse como gospel, a primeira impressão que se tinha do Rodox não podia ser outra, devido, justamente, ao discurso abertamente cristão de Rodolfo, que em versos como “o caminho que escolhi é o estreito”, “nada do que fui dá saudade” e “todo passado é arquivo morto” anunciava o início de uma nova trajetória, não apenas sonora, mas, acima de tudo, pessoal.
Formado – e muito bem formado! – por Marcus Ardanuy e Pedro Nogueira [substituído depois por Marcelo Magal] nas guitarras; Patrick Laplan [seguido, um tempo depois, de ninguém mais ninguém menos que Canisso ! ] no baixo; DJ Bob nos recursos eletrônicos e Fernando Schaefer na rápida, minuciosa e arrasadora bateria, o Rodox trazia um som violentamente pesado e, ao mesmo tempo, surpreendentemente melódico. “Eu acho o Rodox, musicalmente falando, muito melhor que o Raimundos. Os músicos eram muito melhores, a música era muito mais trampada, o som era mais sério… Era uma coisa que eu não tinha vergonha de botar pra minha mãe ouvir, como eu tinha com o Raimundos”, diria Rodolfo, o qual, por sua vez, revelar-se-ia um notável compositor, que, apesar de expressar, basicamente, sua experiência de vida e conversão à fé cristã, sabia, como poucos, selecionar e associar, do modo mais apropriado, as palavras pelas quais deixaria seu recado. Do ponto de vista do aspecto religioso, teria sido, sem dúvida alguma, o compositor que o chamado rock gospel no Brasil, até então, jamais teve, porque conseguia, a seu modo, fugir do óbvio, além de cativar a atenção mesmo dos ouvidos mais distraídos.
A incompatibilidade ideológica entre Rodolfo e os demais integrantes da banda, entretanto, chegaria ao ponto de Fernando Schaefer, em pleno show na cidade de Salvador, dar um chute na bateria [ ! ], colocando fim à possibilidade de o Rodox tornar-se o grande nome do hardcore no Brasil… e reduzindo ainda mais, mesmo àquela altura, a já pequena lista de grupos que, do mainstream nacional, fossem dignos do rótulo “bandas de rock”. “Aquela bosta que a gente fez na Bahia foi só pra cumprir agenda”, explicou-se o baterista Fernando. “Não tenho absolutamente nada contra o Rodolfo, só que, realmente, não dava mais pra banda continuar dividindo o palco com um vocalista completamente diferente de todos, principalmente no que se refere a crenças, religião, gosto musical e estilo de vida”. E então, mais uma vez, Rodolfo sairia de cena, deixando não só dois belos e consistentes registros como também a sensação, principalmente aos que sentiam sua falta no Raimundos, de que vê-lo no Rodox era algo, ao menos, compensador…
2006 “até o fechamento desta edição” – Rodolfo Abrantes: “Santidade ao Senhor”
Anos depois, viria a confissão: “O Rodox, com todas as besteiras, foi uma banda legal… Era uma banda que eu queria usar como veículo pra pregar o Evangelho, mas eu também usei como desabafo, o que foi uma coisa negativa. Tinha muita mágoa nas músicas, muita resposta, muita necessidade de afirmação… Tinha um peso, assim, de ranço… que não era gostoso”. E, para a tristeza dos que ainda sonhavam com algum retorno, o cantor arrematou: “Hoje eu não consigo ouvir nenhuma música do Rodox, porque me lembra uma época muito triste… porque eu tava trabalhando tanto ataque, tanta crítica, tanto ódio das pessoas vindo pra cima de mim… coisa que eu nunca tinha experimentado na vida… Aquilo ali também era uma grande vaidade minha, sem dúvida alguma…”
“Até o fechamento desta edição”… que Rodolfo parece estar bem pessoalmente, disso não resta a menor dúvida, ainda mais considerando as exaustivas demonstrações que tem dado. Do ponto de vista de sua música, entretanto, faltariam motivos para dizer o mesmo, a julgar pelos discos lançados hoje em dia numa carreira gospel, em que aquelas muito bem elaboradas composições da época do Rodox – mesmo as abertamente cristãs [como “Cego de Jericó”, por exemplo] – dão lugar a letras que, independentemente de agora limitadas ao esquema de “Louvor e Adoração”, conseguem, sem muito esforço, passar despercebidas – embaladas, como vêm sendo, por uma sonoridade pouco convincente.
Mas… no final das contas, o que é que realmente importa? A resposta de Rodolfo saberíamos muito bem… Contudo, aos que acompanham, desde o início, sua trajetória musical, esperar por trabalhos que, independentemente da orientação ideológica, tragam a mesma qualidade de outrora é algo absolutamente permitido, mesmo sabendo estes “fiéis seguidores” que estariam definitivamente condenados a se contentar com as boas e velhas lembranças sonoras de um tempo que, ao que tudo indica, não mais voltará…
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Rodolfo no Raimundos [2000]…
Rodolfo no Rodox [2002]…
Rodolfo Abrantes – Entrevista ao programa Altas Horas [2011]
Rodolfo vc se vendeu…
Huabsuashaush
O mais paia é ouvir ele falar ki naum dá nenhuma saudade do que ele viveu,
ce tá é doido. Ouvir seu nome ser gritado por milhares de pessoas em um show e não ter saudades disso é fodah, naum tô falando que é certo ele voltar pra banda nem nada disso, mas que tinha ki bater um pouquim de saudade tinha ^^
Raimundos com Rodolfo era coisa de outro mundo, foi uma das bandas mais fodas que esse pais já viu ou vai ver.
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Jura q ele vai ler isso é? ¬¬
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Excelente entrevista do Rodolfo, parabéns a ele, podemos ver nele a transformação que Cristo faz na vida de quem nele crê!!!!
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Tá ai o link do primeiro single do novo cd de Rodolfo Abrantes (R.A.B.T – ROMPENDO A BARREIRA DO TEMPO).
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aposto que ele fuma maconha ainda !!!!!!!!!!!!!!heheheheh
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Fuma não, Deus livrou ele disso, o mais paia é vc q ñ sabe da vida do cara e fica falando bosta
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Não importa se ele vai continuar ou não nessa vida que ”nada” tem a ver com ele . Eu vou continuar gostando dele por todos os trabalhos que ele fez no RAIMUNDOS , e por tudo que ele ajudou no Rock Nacional . Mas eu tenho a esperança de que ele veja o tempo que ele já perdeu com essa babaquice toda que ele está fazendo atualmente e, volte a ser o velho e bom Rodolfo dos tempos do Puteiro em João Pessoa . Como dizem: eu quero é ver o oco !!! Rock ‘N’ Roll !!!
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Rodolfo era tão loco, mas tão loco, que virou crente. Curti ele na época do Raimundão, quando ele se converteu, continuei ouvindo o som dele, acabei me convertendo também. kkk
Hj tamo aí, servindo Aquele que Vive Eternamente, e curtindo uma sonzera. Vlw.
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Alguem sabe por que o Rodolfo se converteu? Pq ele resolveu se converter? Pq trocou fama e dinheiro pela Fé? pois é, o cara estava com câncer. Ele foi curado por Deus e alem disso ele se sente feliz, falicidade que nao encontrava no tempo do Raimundos… entao antes de criticar ou bombardear qualquer pessoa é bom saber os motivos de tal… e outra, ninguem é insubstituivel. o Rock ‘N’ Roll nunca morrerá!
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Nunca foi meu estilo, mas a matéria em si é muito boa.
debemcomavidanoar.blogspot.com
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Quem pega os novos Cd’s do Rodolfo percebe que na verdade suas musicas não sofreram degradações.. mas sim adaptações ao novo público e às novas experiencias vividas pelo compositor .. quer saber sua eficiencia musical ..? analize a ficha tecnica de seus trabalhos em carreira solo.. “..a vida é desse jeito e a mudança faz parte..”
.. parabens pelo trabalho.. até a próxima..
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Gostei mesmo do texto. Eu não sou fã viúva do Rodolfo. Adoro o Raimundos e adoro as letras do Rodolfo, mas eu vivo bem sem ele no comando.
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Ótima matéria, também morri assim como Rodolfo, mas no meu caso foi aos 20.
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Digão da banda Raimundos agora está treinando para estreiar em evento de MMA (vale tudo)
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Primeiro, ótimo texto, é notável a complexidade que os temas estão sendo tratados por aqui, e com o Rodolfo, não foi diferente.
=)
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E como diz o correto ditado: “Tudo que é bom, dura pouco”, e foi o que aconteceu com Raimundos e Rodox. Eu ainda “verde” no gosto musical, até porque eu era menino, ouvia o Raimundos só pelas rádios, e eu gostava do estilo das músicas. Amadurecendo então, eu conheci o Rodox, aquilo foi experimentar uma nova química em meu gosto musical, mas não me tornei logo um ouvinte assíduo porque naquele tempo, eu estava muito envolvido com a música gospel, mas eu não sabia que a letra do Rodox me faria meditar na poesia do rock de peso e melódico dos caras, foi sensacional ouvir de novo e sentir o que Rodolfo queria dizer e desabafar o que ele passou.
Vou sentir saudades dessas boas canções e instrumentos bem afiados, contudo, Rodolfo se sente hoje liberto e pronto para uma nova caminhada, ela já está em atividade mas deixa um pouco a desejar no quesito música. É isso aí, espero que mesmo na carreira gospel, ele volte àquele bom gosto musical, e com músicos natos fazendo diferença em músicas e letras para o gênero gospel.
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Muito bom, conheci esse espaço com a matéria do Catedral, e estou facinado com a forma que as matérias são apresentadas.
O Rodolfo é sim uma figura unica no Rock nacional, gospel ou secular o Rodolfo é o Cara!
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